Os
escritórios contábeis são os responsáveis pela execução dos sistemas de
informática implantados pelo governo (nas esferas federal, estadual e
municipal), para prestar contas dos tributos devidos pelos micro e pequenos
empresários, uma vez que estes agentes não possuem contabilidade regular em
suas dependências.
Não
fosse o trabalho executado pelos escritórios contábeis, o governo não teria
condições, em função da quantidade reduzida de fiscais e agentes fazendários de
que dispõe, de controlar, fiscalizar e de cobrar os tributos desses agentes
econômicos.
São os
escritórios contábeis que alimentam os sistemas de arrecadação tributária do
governo, sem cobrar qualquer benefício ou contrapartida por isto; e, em troca
desta prestação de serviços gratuita, o governo oferece aos escritórios
contábeis um péssimo atendimento, em que o profissional, além de não receber a
atenção devida, é obrigado a esperar horas para ser atendido. Esquece o governo
que os profissionais contábeis estão lá para resolver um problema do seu
próprio interesse.
A
Receita Fazendária não disponibiliza um tratamento diferenciado que garanta o
livre exercício profissional dos contadores ou mesmo o suporte técnico
necessário para esclarecer as dúvidas surgidas durante a execução e a
transmissão dos aplicativos, cabendo ao profissional buscar soluções externas.
Na
verdade, o que acontece é que o governo vem introduzindo sistemas
informatizados cada dia mais complexos, obrigando os escritórios contábeis a
implementar a sua operacionalização, sem levar em conta se estes escritórios
possuem capacidade técnica e operacional para cumprir esta demanda.
A
execução destes sistemas implica, entre outras coisas, contratação de novos
funcionários e treinamento dos antigos; adaptação constante a uma legislação
que muda a todo instante; investimento em equipamentos novos que possam rodar
os programas do governo; e isto tudo em um curto período de tempo, não raro,
insuficiente para cumprir com todas as obrigações acessórias no prazo
determinado, acarretando multas e outros problemas.
Para o
governo, o que importa é instituir mais e mais mecanismos para os escritórios
contábeis prestarem serviços para a máquina estatal, sem que esta precise
disponibilizar agentes para fiscalizar, controlar e arrecadar. Desta forma, já
chega tudo pronto às mãos da administração estatal e seus fiscais podem se
dedicar apenas à análise das informações recebidas.
Criar
obrigações para as micro e pequenas empresas sem avaliar os pesados custos que
elas representam para os escritórios contábeis é um contrassenso. Já que o
governo quer introduzir controles de arrecadação, o correto é ele próprio
operacionalizar e apurar todos os tributos; e não transferir esta tarefa para
terceiros a um custo zero.
Está
na hora de os contadores se unirem, através de seus sindicatos e entidades de
classe, e acabar com este ciclo vicioso. Do contrário, se transformarão em
verdadeiros “escravos” do governo. Se os bancos e instituições financeiras
cobram por seus DOC’s, extratos, contas correntes e etc., por que um escritório
contábil não pode cobrar pelo serviço que presta ao governo?!