O Conselho Federal de Contabilidade, órgão que
possui a obrigação legal de proteger e fiscalizar a área de atuação contábil,
vem se omitindo no cumprimento de suas funções institucionais, preocupando-se
mais com a contabilidade internacional do que com a contabilidade brasileira e os
profissionais que aqui atuam.
A entidade arrecada dos profissionais
contábeis mais de 70 milhões de reais por ano, e muito pouco, ou quase nada, é
feito para proteger o campo profissional e para valorizar a profissão.
Há muitos pontos importantes sobre os quais o
Conselho Federal de Contabilidade deveria se debruçar para instituir mecanismos
de controle e de defesa profissional. Um dos pontos que precisamos urgentemente
regulamentar se refere às propagandas de serviços contábeis.
O art. 20 do Decreto-Lei nº. 9.295/46 é
taxativo ao estabelecer que a propaganda de serviços contábeis só pode ser
realizada pelos profissionais, e não pelas pessoas jurídicas, quando determina
que todos os anúncios, placas, cartões comerciais, ou outros meios, que se
propuserem ao exercício da profissão contábil, são obrigados a declarar a sua
categoria profissional, bem como o seu número de registro no Conselho Regional.
Isso porque quem executa este trabalho não é a empresa, mas, sim, o profissional.
Por isso, quem tem legitimidade para oferecer estes serviços são os
profissionais, e não as empresas.
A qualificação profissional não pode ser
substituída por uma bela propaganda empresarial. Profissionais contábeis não
vendem serviços contábeis. Eles prestam serviços contábeis!
Como, na prática, o Conselho de Contabilidade
não fiscaliza o cumprimento do art. 20 do Decreto-Lei nº 9.295/46, temos
assistido escritórios oferecendo serviços contábeis de forma promocional,
estabelecendo uma concorrência desleal com outros profissionais e organizações,
pois os preços cobrados estão aquém do mínimo estabelecido pelo sindicato da
categoria.
Nem mesmo em nome do avanço tecnológico, da
globalização, da competitividade ou da parceria, o Conselho de Contabilidade
deveria permitir que um mega empresário da contabilidade publicitasse serviços
contábeis por preços módicos, conquistados através da exploração do trabalho de
leigos ou de colegas mal remunerados. Propagandas criadas por marqueteiros,
como se o uso de palavras-chave cunhadas pelos meios de comunicação, trouxesse,
como, por encantamento, mais vantagens para as empresas contratadas.
Tal
conduta favorece o emprego de leigos na execução destes trabalhos e resulta
certamente no aviltamento dos honorários e na desqualificação dos serviços,
ficando a classe contábil exposta às regras do marketing de venda, que
privilegia a “marca comercial” em detrimento da estrutura profissional.
Os profissionais contábeis, responsáveis por
manter em ordem a riqueza nacional e por manter as pessoas jurídicas geradoras
de emprego e renda funcionando, precisam assumir a verdadeira postura de sua
profissão, que é de relevância e interesse nacional.
O descaso da categoria em relação a este
assunto, bem como em relação a outros de igual relevância para a profissão, faz
com que o Conselho de Contabilidade se mantenha omisso, sem se preocupar em dar proteção
aos profissionais ou ao campo profissional. É por isso que é tão necessário
mudar a forma de gerir a profissão, alterando o comando do Conselho. Somente através
de mudanças na gestão da profissão, ela será mais respeitada e valorizada pela
sociedade.
Contador Salézio Dagostim
Presidente da Aprocon Contábil-RS e da Aprocon Brasil
Contador Salézio Dagostim
Presidente da Aprocon Contábil-RS e da Aprocon Brasil
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