21 de setembro de 2015

Mitos e verdades da valorização profissional

Durante a XV Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul, um dos painéis que despertou a nossa curiosidade foi o da “Valorização profissional – Mitos e Verdades”.

Gostaríamos de tecer alguns comentários sobre este painel. Diferentemente do esperado, ao invés de reunir os sindicatos, os profissionais e o Conselho para debater sobre a valorização profissional, e, a partir desta discussão, deliberar sobre alguma ação a ser tomada em busca desta valorização, este painel se limitou a reunir como painelistas uma ex-presidente do CFC, um ex-presidente do CRCRS e o atual presidente do Conselho. 

O assunto foi desenvolvido em tom de crítica aos profissionais, como se eles fossem os únicos responsáveis pela desvalorização da profissão. As entidades da classe passaram despercebidas neste painel, como se não tivessem qualquer responsabilidade sobre o que vem acontecendo com a profissão. 

Ora, os órgãos de defesa e entidades da categoria precisam entender que criar mecanismos de proteção e promover a valorização da profissão são funções suas, tarefas que não podem ser transferidas para os profissionais. Ao profissional contábil, cabe trabalhar corretamente e receber os seus honorários. 

Além disso, criar mecanismos de proteção e de valorização da profissão não é firmar acordo com o governo para captar recursos dos incentivos fiscais para descontar do Imposto de Renda, ou fazer campanhas de arrecadação de alimentos e vestuários para pessoas carentes. Promover a valorização da profissão é defender o profissional em suas atividades e prerrogativas, criando dispositivos para protegê-lo. 

Valorizar o Contador é, ainda, estabelecer a transparência nos gastos públicos para que se conheça o resultado real dos agentes econômicos do Estado; é demandar respeito para a profissão, exigindo uma remuneração digna para os profissionais, ampliando o seu campo de trabalho e evitando que seja ocupado por leigos.

Agora, fazer reuniões sociais sob o nome de congresso ou convenção, para reunir milhares de profissionais, sem extrair daí decisões úteis para a nossa categoria profissional, não é valorizar a profissão. Não é disso que nós, profissionais da Contabilidade, precisamos, mas da união de esforços entre as associações, os sindicatos e o conselho profissional, para melhorar aquilo que não está bom para a categoria. Gastar as nossas anuidades com diárias e passagens para nos dizer aquilo que já sabemos é um desperdício de tempo e energia, que poderiam ser usados para o bem comum dos profissionais. 

Precisamos mudar a forma como os nossos congressos e convenções vêm sendo realizados; do contrário, em breve, estes encontros não terão mais utilidade alguma para os profissionais.

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