27 de junho de 2014

Por que reajustar a gasolina?

Segundo as notícias recentes, a Petrobras pretende reajustar o preço da gasolina ainda neste ano de 2014 para manter a sua capacidade de investimentos.

Se a Petrobras, bem como qualquer outra companhia gerida por órgãos políticos, fosse gerida pela iniciativa privada, certamente este discurso não seria por aumento, mas, sim, pela redução do preço.

Na gestão privada, o preço de venda de bens e serviços é estabelecido levando-se em consideração o custo de produção, os gastos operacionais, a margem de lucro para cobrir o retorno do capital investido, e, ainda, a quantidade produzida.

Dizemos isso porque, no caso da Petrobras, como de qualquer órgão gerido por agentes político-partidários que ofereça aos pagadores das contas (o povo) bens e serviços (energia elétrica, água, esgoto, segurança, saúde, educação, transporte, etc.), os preços são estabelecidos de acordo com a quantidade de gastos realizados, e não pelo custo de produção. É o caixa que estabelece o preço de venda dos bens ou serviços oferecidos, é a movimentação financeira, e não os elementos econômicos formadores do preço do bem ou serviço. 

Vejamos: A Petrobras, no ano de 2013 (seu pior ano), teve um lucro líquido, após o pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre este lucro, na ordem de 23,57 bilhões de reais. Isto representou um lucro líquido do exercício na ordem de 9,23% sobre o valor da receita líquida de venda acumulada de todo o ano (receita líquida é a receita excluindo os impostos que incidiram sobre o valor da venda dos combustíveis), o que convenhamos não é pouco. Um lucro líquido de 9,23% sobre a receita acumulada de 12 meses equivale a dizer que o lucro líquido foi de 9,23% ao mês, 20 vezes mais que a inflação brasileira, que teve uma média de 0,46% ao mês. Mesmo assim, tem se falado em falta de recursos para fazer investimentos. Perguntamos, então: O que foi feito com os lucros? Foram distribuídos integralmente aos acionistas, sem fazer a competente reserva para investimentos a fim de repor a perda do valor dos ativos, ou foram gastos com a aquisição de ativos desnecessários?

Fazendo-se uma breve retrospectiva: em 2012, o lucro líquido foi de 9,74%, gerando um ganho líquido de 21,18 bilhões; em 2011, de 18,02% ou 33,13 bilhões; em 2010, de 22,49% ou 35,19 bilhões; e, em 2009, de 21,62% ou 28,98 bilhões (todos calculados sobre o valor da receita líquida acumulada de cada ano).

Se estes resultados fossem de uma companhia gerida por agentes privados isto seria motivo de festa e, há muito tempo, já se estaria discutindo uma redução do preço de venda, e não o aumento dos seus produtos.

Observa-se, então, que o problema é de gestão, e não de resultados econômicos. Um lucro líquido de 9,23%, 9,74%, 18,02%, 22,49% e de 21,62% embutido no preço de qualquer bem ou serviço oferecido à sociedade por uma empresa privada seria classificado como um escândalo nacional, revoltante e imoral.

Se fossem ainda analisados os custos e as despesas que foram embutidos no preço do produto, certamente haveria muitas surpresas, podendo estes lucros ser ainda maiores. Por isso, é efetivamente necessário aqui que se discuta a gestão. Como os recursos arrecadados da população — no caso, a receita pela venda dos combustíveis — estão sendo aplicados, gastos, para assim, se começar a moralizar a nossa economia. Afinal, combustível, energia, água e transporte são elementos essenciais na formação de outros preços que influenciam diretamente na estabilidade econômica e social do nosso país. 

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